Logo cedo e um cheiro ruim de banho mal tomado infesta o busão. Pessoas com as caras pregadas no celular e a lavagem cerebral sendo feita.
Os meios de comunicação deslumbram a galera com status e coisas materiais, mas o que realmente propagam é: “trabalhe e siga a moda. Não pense e não questione.”
Meus fones estão sempre tocando as músicas de uma playlist bruta. Estou sonhando acordado... Desperto em outro mundo. A música é um escudo contra os ataques dos parasitas do plano inferior, manja?
Olho as casas na rua e vejo também as criaturas atrás das paredes. A área de lugar nenhum é limitada ao cálculo dos arquitetos. Lugar nenhum é tão simples quanto parece.
Dou sinal e desço no ponto: “ah, caralho... Tem algo errado aqui...”
A mulher sentada no banco da praça sofre com uma crise de falta de ar repentina. Ela é sufocada pelas mãos brancas dum velho cadavérico. Ninguém o vê, mas o bicho ruim está ali... Ah, ele está.
O executivo perambula todo arrogante. Ostenta nas redes sociais seu coaching mequetrefe e roupas de grife. O que o “zé ruela” não diz é que transou com a esposa do amigo noite passada e roubou o próprio pai.
“Uhm, barulho de saltos...” – E lá vem a garota soberba – “Tlec... Tlec... Tumtumtum... Tumtumtum...”
O caminhar da mina vai se mesclando ao som dos atabaques do inferninho onde ela prometeu sua alma ontem pro “homi di capuiz”, se o marido morresse “misteriosamente”.
Contudo, que intrigante! A senhorinha negra do olhar caridoso, na outra calçada, peregrina suave e perfumada. Ninguém vê, mas ela tem asas brancas e pode voar.
Histórias variadas estão por toda parte. Mesmo escondidas, é possível encontrá-las. Às vezes participamos de algumas: ora protagonistas, ora antagonistas; ocasionalmente narradores, raramente juízes.
Poucos observam a escuridão atrás da luz artificial, morada dos seres malignos que governam a Terra e fazem as engrenagens do sistema sórdido girarem.
Sigo adiante. Passos firmes: “to no controle! O meu mundo está firme e não se abalará!” – Ergo a cabeça e me proíbo desanimar...
“Vamos lá, Garotos Perdidos! Vamos sobreviver e triunfar!”.
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Texto por Dan DellaMorta
Arte por Biel Freire - IG @gs.freire
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