Bastante curiosa e um bocado inspiradora a oportunidade de limpar o balcão da cozinha. Sem que eu perceba os clássicos do blues começam a tocar na minha cabeça, como se um sopro cósmico desse play no som.
Depois de atravessar esse portal, aberto pelos Deuses que regem a Arte e o Amor, tudo muda: me deparo com o cenário típico onde o peregrino, exausto da jornada cotidiana, para durante a noite pra tomar um drink, descansar os pés e relaxar através da brisa do bourbon.
É o tempo e o espaço da Road House, manja? Bares famosos em lugares como Tennessee, ou Louisiana, por exemplo, e que mais se assemelham a abrigos pros corações peregrinos.
Entretanto, no momento, sou um barman, com pano de cozinha jogado no ombro, lavando o balcão depois do expediente após a meia noite e fazendo dessa atuação banal uma distração... Ou uma terapia que ajuda a superar traumas e a encontrar a tal luz no fim do túnel.
O trabalho ocupa a mente e afasta os parasitas astrais.
Todos somos viajantes. Todos temos histórias de amor pra recordar, esquecer... Sonhos pra alimentar...
Porém, ao contrário do peregrino que fez uma pausa, meu status atual é o do guerreiro que se mantém o ponto fixo no Universo em movimento.
Bom...
A garçonete de nome Soledad passa por mim e diz: “Até amanhã, mi amor!”.
O tom da voz dela é doce e faz brotar o alívio da hora de ir embora. Termino o trampo, fecho o bar junto com o "El Peligro" (vulgo Bastián Ruiz, ex fuzileiro, dono do estabelecimento e fiel amigo) e sigo em frente... Sozinho.
Ando pelo asfalto molhado da chuva, iluminado pelos postes na rua que funcionam como holofotes do espetáculo que é a vida do homem simplório e piegas.
O clichê, desde que seja verdadeiro e por inteiro, já nos basta.
Boa noite!
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Texto e foto por Dan DellaMorta
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