Largo tudo.
Esqueço das cenas em dezenas que sou obrigado a criar pra sobreviver e me camuflar.
Nenhum personagem pra ser representado agora – “Sai fora!”.
O palco tá vazio e o teatro fechado. Hoje me dou ao luxo inviolável de trabalhar somente com a verdade da minha tão exclusiva e sagrada realidade.
Benditas são as escolhas que fazemos pra continuarmos sendo o que somos e devemos ser, certo, irmão?
E escolho a liberdade; o sonho e a voracidade; a ousadia dum cavalo encantado percorrendo um chão metade areia, metade o branco véu das ondas do Mar.
Já desejei o suficiente.
Acredito, às vezes, que até excedi a cota de tanto querer. E agora?
Agora largo tudo e ostento uma despreocupação que, em fagulhas sutis vindas duma altíssima matriz, me aproxima dum desejo concretizado, dum amor bastante ansiado, do patrimônio com sangue e suor conquistado.
Exerço aquele ofício com esforço e cautela, distante de expectativas flutuantes, longe de todo tipo de mazela.
Quando o mundo te vira as costas, não vire as costas pro mundo. Se vire de frente pra a sua gente que nunca mente, jamais é ausente; de espírito e psique independentes.
Das tripas, faça coração, sove o pão e, depois “salve a santa retribuição!”.
Largo tudo e não quero saber opinião, nem achismo barato dum povo chato de papo furado.
Preciso pensar sozinho. As vozes intrusas causam ruídos... As vozes são inimigos escondidos nas costas dos ditos amigos.
Certo e errado, na Quinta Dimensão, são subjetivos na maioria dos casos.
Meu intuito não é estar correto, nem provar erudição, nem viver como o lorde da incontestável razão.
Só largo tudo, pulo no Mar, me deixo levar e, quando eu puder...
Volto a pensar.
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