A palavra-chave é recolhimento. Quando você é um forasteiro em lugares onde a maior parte dos habitantes possui índole no mínimo questionável, a convivência com essa gente “normal demais” esgota o espírito. Os pavores de tal exílio entediante ardem na pele.
A cada frase dita e gesto feito pelo viajante na “terra dos perfeitinhos”, o auto desperdício é um perigo iminente... Talvez inevitável. E, diante de tanta chatice, surge o questionamento: pra quê matar o tempo forçando contentamento com migalhas, resultado do pão que o Diabo amassou? Será que existe propósito sadio nisso?
Posso ser quem e o que for, mas se eu estiver no local e hora errados, seja lá o que trouxer comigo de auspicioso será convertido no seu oposto, graças aos ruídos de comunicação provenientes dos atritos entre relacionamentos falidos. É o que as falhas nos diálogos desencadeiam.
A questão aí não é me fazer compreensível, mas sim aceitar que falar grego numa terra de seres que nem sequer aprenderam a se expressar verbalmente é improdutivo. Paciência é uma virtude. Entretanto, deve ter um limite pra que ela não instigue e promova abusos em nossas vidas. Portanto, sigo calmo e perseverante, mesmo exausto de patifaria e desencontros. Refaço, dia após dia, as bases que sustentam meu antigo voto de silêncio, visando torná-lo um mistério totêmico operante, fonte de inesgotável motivação, outra vez.
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Texto e foto por Dan DellaMorta
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