A casa da foto é uma das mais antigas da Vila Formosa, zona leste de São Paulo, bairro onde nasci, fui criado e vivo até hoje. Quando eu era criança, aqui existiam diversas residências como essa, as quais preservavam a arquitetura paulistana comum do início do século 20. Eram construções, em sua maioria, térreas. Porém, transbordavam charme e simplicidade.
Agora sobraram poucas casas assim na vila. Construtoras de prédios e condomínios as substituíram sem ao menos considerar o valor histórico delas. Foram demolidas como castelinhos de areia na praia, quando poderiam ter sido restauradas e preservadas.
Às vezes a forma que o progresso acontece é bastante contraditória, haja vista os dilemas sanitários e geopolíticos que o planeta enfrenta atualmente. Os esforços pra lucrar a qualquer custo e o aumento rápido da população fazem com que a construção de moradias, as quais comportem grandes quantidades de pessoas, se torne desenfreada.
Contudo, onde está o planejamento urbano da nossa megalópole? Já é uma pergunta secular que quase ninguém traz resposta inteligente e prática.
O Brasil, infelizmente, é um país que, desde sua formação, começou com bases sociais fracas e repugnantes. Vários brasileiros foram e são instruídos a desvalorizar sua própria história, debochando de fatos e enaltecendo inverdades.
É triste como o passado é esquecido e subestimado. Acontecimentos e lugares importantes são descartados pra dar espaço a vivências e coisas que, na essência, não são o primeiro tópico na lista de prioridades. Afinal, onde estão hospitais, escolas, saneamento básico, asfaltamento adequado das ruas, manutenção da fiação elétrica urbana, etc.?
Por que não preservar casas antigas, dignificando a história, e construir conjuntos habitacionais em locais adequados, respeitando normas de preservação ambiental e sustentabilidade?
Enquanto somos assolados por falácias políticas diversas e descasos horrendos, temos que nos fortalecer espiritualmente, preservar belas e inspiradoras memórias e continuar lutando por um amanhã próspero. Observo que a maior parte do brasileiro precisa aprender que, se não houver referências de excelente qualidade, a nação está fadada a um lamentável declínio.
Se não há entendimento sobre o passado, não há um presente íntegro e o futuro é convertido em enormes possibilidades de fracasso. Portanto, lutemos pra conservar aquilo que é valioso e desapegar dos gestos que representam perigo iminente, porque o prospecto do futuro é desanimador.
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