A névoa branca cobre o horizonte. É noite e tudo o que vagamente enxergo é graças a iluminação dos postes nas ruas estreitas – “onde estão as tochas?!” – em declive, sinuosas, e forradas por blocos de pedra.
O frio acalma os nervos e confirma que nada apaga o fogo de um coração em chamas vagando por entre antigos castelos. A sombra das árvores desenha figuras no chão que cativam os amantes da noite.
Apenas cinzas e ossos restam desde que tudo teve seu fim, há séculos.
O passado finalmente se estabeleceu lá atrás, sem mais perturbações, sem mais busca por vingança. Porém, algo ainda rasteja quieto nos becos escuros do cotidiano. É nítido, pelo menos pra mim.
Eu conheço esse cheiro mórbido. Já o senti antes. Sei quem está aqui, mas prefiro não jogar com a escuridão, não hoje à noite.
A luz avermelhada, que ilumina vielas, toma formas obscuras e misteriosas enquanto atravessa a névoa que a manipula como argila fresca. Eu caminho rumo as ruínas de uma velha casa a qual vejo em meus sonhos.
Diversas são as questões e os medos que rondam a minha cabeça. Muito vejo, contudo pouco pareço tocar.
Quando você é um estranho no ninho, a busca por um similar é algo incessante. A jornada que leva ao reencontro é a meta das metas.
Ninguém está aqui pra desafiar aos Deuses. Contudo, isso não quer dizer que é proibido interpretar e organizar os sinais recebidos. Não viemos ao mundo por acaso e não recordamos do que deve ser esquecido. Há um propósito superior pra tudo.
Continuo a caminhar e meu coração a pulsar. A vida nunca esteve tão real e ainda creio naqueles olhos.
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Texto e foto por Dan DellaMorta
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